RÚSSIA X UCRÂNIA – GUERRA DE INFORMAÇÕES ACONTECE NO MUNDO VIRTUAL

Ruben Berta
Do UOL, no Rio
Na semana passada, o presidente Volodymyr Zelensky anunciou que iria condecorar com a ordem de heróis da Ucrânia 13 militares que teriam morrido na Ilha da Cobra, no mar Negro, durante um bombardeio russo. Um áudio divulgado pela imprensa europeia indicava que os soldados teriam xingado os adversários.
Dias depois, a própria Marinha da Ucrânia informou que os militares estavam “vivos e bem”, enquanto o Ministério de Defesa da Rússia disse que todos se renderam voluntariamente.
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Não foi a primeira divergência de dados desde o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, para além do front de batalha, o confronto de informações é parte fundamental da estratégia dos dois países. De lado a lado, as versões oficiais não necessariamente correspondem à realidade e servem como arma para enfraquecer o inimigo —o que dificulta um retrato preciso dos fatos.
“Por que é difícil achar informação precisa? Isso tem a ver com uma grande estratégia da guerra, pensada há muito tempo, aplicada há muito tempo”, diz Tasso Franchi, professor da Eceme (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), que dá aulas sobre estratégia e teoria da guerra no programa de pós-graduação em Ciências Militares.
Para ele, não é mais possível diferenciar a guerra de informações do campo de batalha. No caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, Franchi destaca que a disputa extrapola a área militar e avança, por exemplo, para narrativas nos campos histórico e econômico —a Ucrânia já fez parte da cortina de ferro, ligada à antiga União Soviética.
Você cria uma névoa, divulga informações erradas para diluir a certeza do inimigo e a capacidade dele de tomada de decisões.”
Tasso Franchi, professor da Eceme.