Vívian Oliveira – Rios de Notícias

MANAUS (AM) – Um vídeo divulgado nas redes sociais, trouxe à tona acusações de Maria Solange, mais conhecida como “Marina Silva de Manaus”, contra “Pai Marcos”. Nele, Maria alega que o líder do projeto “Pai Resgatando Vidas” desviou doações destinadas a pessoas em vulnerabilidade.

“Você se lembra, Marcos, de um rapaz que tu me colocou no telefone pra agradecer os R$ 20 mil que ele tinha mandado pra mim? Esse dinheiro foi pra onde? Pro teu bolso. Tu te lembra de outras coisas que mandaram pra mim e nunca caiu pra mim? Só caiu no teu bolso”, disse ‘Marina’.

No vídeo, ela relata que uma quantia significativa de dinheiro nunca chegou em suas mãos, a verdadeira necessitada, mas sim ao bolso do “Pai Marcos”.

Segundo Marina, a vulnerabilidade em que se encontrava na época facilitou a ação do acusado, que se aproveitava da confiança depositada nele para desviar recursos.

“Por que que caiu no teu bolso? Porque na época eu estava em estado de vulnerabilidade e não tinha sequer nenhum RG, quanto mais uma conta bancária. E as pessoas, por acharem que você era um ‘deus’, diziam ‘não, ele é um homem bom, ele não vai enganar ela, não’”, continuou.

Ajuda de Madonna

Além disso, Marina afirma ter recebido informações de que até mesmo a cantora Madonna teria contribuído financeiramente, mas os fundos não teriam chegado ao destino pretendido.

“Me disseram também, por fonte segura, que a Madonna também mandou uma quantia em dinheiro pra tua conta e você ‘comeu’ esse dinheiro”, acusou ‘Marina’.

Maria Solange, conhecida como “Marina Silva de Manaus” é uma ex-dependente química que teve sua vida transformada quando um vídeo dela, dançando a música “Holiday”, chegou até sua autora, a rainha do Pop, Madonna. O vídeo viralizou e ela foi acolhida pela ONG Parceiros Brilhantes.

Organização criminosa

Cid Marcos Bastos Reis Maia, o “Pai Marcos”, foi detido pela polícia, por meio da Operação “O Pai Tá Off”, que investigava denúncias de abuso sexual contra mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo as vítimas, os abusos eram trocados por kits de higiene, alimentação e abrigo.

O delegado Marcelo Martins, responsável pela operação, revelou que a organização criminosa operava sob o disfarce de uma ONG (Organização Não-Governamental).

Durante as buscas nas sedes em Manaus e no município de Iranduba, a 31 quilômetros da capital, foram encontrados diversos preservativos. Testemunhas relataram ainda que crianças também eram vítimas dos abusos dentro do abrigo mantido pelo grupo.

Além disso, as investigações revelaram um esquema de desvio de verbas. Estima-se que mais de R$ 20 milhões tenham sido movimentados pelo grupo entre 2019 e 2024, sem que os recursos fossem aplicados em benefício dos assistidos.

Cid Marcos utilizava as redes sociais para angariar doações, apresentando histórias de pessoas em situação de rua e usuários de drogas. No entanto, segundo a polícia, muitos desses relatos eram fictícios e serviam apenas para sensibilizar os doadores.

A investigação, que durou seis meses, foi impulsionada por denúncias do Ministério Público e resultou em oito mandados de prisão preventiva. Além de “Pai Marcos”, seu filho, Wilson Garcia Bastos, também foi preso por envolvimento no esquema criminoso.