Lula fala em reduzir dependência de combustíveis fósseis e cobra dinheiro de países ricos na COP28

 

O Brasil quer retomar o protagonismo nas negociações climáticas e obter mais verba para a preservação de florestas

EMIRADOS ÁRABES – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 1º/12, na Cúpula do Clima (COP28) que é preciso reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e acelerar o ritmo de descarbonização da economia. Em discurso na conferência das Nações Unidas, ele criticou o descumprimento de acordos climáticos e os gastos com guerras, além de cobrar novamente ajuda financeira dos países ricos.

Nesta COP em Dubai, o Brasil quer retomar o protagonismo nas negociações climáticas e obter mais verba para a preservação de florestas. Mas terá também de se esquivar de questionamentos sobre o compromisso do governo na agenda ambiental, como a incerteza sobre planos de explorar petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas e a recente alta recorde de queimadas no Amazonas e no Pantanal.

“O mundo já está convencido do potencial das energias renováveis e é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descabornização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”, disse Lula.

Em sua fala, Lula afirmou ainda que o Brasil estabeleceu pontes com países florestais e criou visão comum com os vizinhos amazônicos. Mas na Cúpula de Belém, em agosto, divergências entre as nações que abrigam a floresta sobre o veto a novas explorações de petróleo na região e resistências de assumir a meta de zero desmate emperraram um documento mais ambicioso.

Em Dubai, uma das principais apostas do governo neste ano é propor um novo fundo internacional que receba recursos como contrapartida para cada hectare de floresta preservado. A ideia do modelo, que será detalhado nesta sexta, é de que seja diferente do Fundo Amazônia e gerido por uma instituição financeira multilateral.

“Vamos trabalhar de forma construtiva com todos os países para pavimentar o caminho entre esta COP28 e a COP30, que sediaremos no coração da Amazônia (será realizada em 2025, em Belém, no Pará)”.

Por outro lado, o país ainda encontra dificuldades em reduzir os índices do Cerrado. Números divulgados nesta semana, mostram que a taxa do desmatamento se manteve estável em um ano, mas a área perdida é de 11.011,7 km², superior ao território destruído na Amazônia.

Após o pronunciamento, o presidente participa de uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Nesta sexta, Lula participa ainda de pelo menos cinco encontros bilaterais. Entre as agendas, o presidente encontra o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

Lula tem ainda encontros com o presidente de Israel, Isaac Herzog; e com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali. Na quinta-feira, 30, o governo brasileiro intensificou a presença de militares em Pacaraima, na fronteira Norte do país, após o aumento da tensão entre a Venezuela e a Guiana.

*Com informações da Agência Estado