O jornalista Altamiro Borges classificou como “piada” a justificativa usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em depoimento à Polícia Federal, para tentar reaver as joias sauditas retidas pela Receita Federal. Bolsonaro prestou depoimento durante três horas, na sede da PF, em Brasília, nesta quarta-feira(05). O conteúdo está sob sigilo, mas trechos dele foram revelados pela defesa do ex-presidente.
Segundo trechos divulgados pela imprensa, Bolsonaro afirmou que ficou sabendo da existência do conjunto das joias apenas um ano depois da chegada delas ao Brasil e que não se lembra de quem o comunicou sobre sua existência. Ele disse que sempre tentou verificar a regularidade das ações e que agiu para tentar evitar um “vexame diplomático” com a Arábia Saudita.
“Só um bolsominion muito tapado, muito imbecilizado, para acreditar que ele não sabia o que é que tinha naquele estojo e que ele pegou só para não criar um incidente diplomático. Só um bolsominion muito tapado para acreditar. Ele sabia. Ele sabia de tudo”, afirmou o jornalista.
Altamiro Borges participou da edição desta quinta-feira (6) do programa Central do Brasil e comentou a repercussão do depoimento do ex-presidente, a articulação da extrema-direita diante do retorno de Bolsonaro ao Brasil e como o campo progressista está se comportando diante desses eventos.
“Acho que nesse esgoto bolsonarista, que corre muito pelas redes digitais, lógico que a bolha tenta convencer que o mito voltou e que ele está falando a verdade. Mas, na sociedade em geral, esse caso pegou muito mal para o Bolsonaro, que pintava a imagem de simplório e anticorrupção. Acho que isso bagunçou o pilar fundamental do bolsonarismo no Brasil.”
Altamiro avaliou que o ex-presidente voltou fragilizado ao país e que encontrou um ambiente diferente do que ele imaginava, com um retorno triunfal como um líder da extrema-direita no país. A avaliação é de que o futuro político de Bolsonaro ainda é incerto, mas ele possui uma base de apoiadores que está enraizada na cultura conservadora do Brasil.
“O retorno dele não foi essa bola toda. Chegou a pedir um carro aberto, pediu comício. Mas não foi essa bola toda. A volta dele flopou, mas isso não significa dizer que o bolsonarismo esteja morto”, analisou.
Altamiro também comentou o andamento de processos contra Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e como a possibilidade iminente dele ficar inelegível mexe com o tabuleiro político no país, em especial dentro do campo conservador.
“A extrema-direita está procurando seu candidato. Tem Tarcísio, em São Paulo. Tem o Zema, em Minas Gerais. Tem o Mourão, no Rio Grande do Sul. Eu acho que não há uma substituição fácil para o Bolsonaro. Ele foi uma personagem da extrema-direita trabalhada por muito tempo, inclusive pelas Forças Armadas. Não há substituição fácil. Mas eles vão fazer testes.”