SANTA ROSA DO PURUS (AM-AC) – O aumento do nível dos rios Acre e Purus, a partir da cidade de Santa Rosa do Purus (AC) à Boca do Acre não é visto com surpresa por parte dos moradores destas regiões desde o ano passado. Foi nessa época do ano que, em 2010-12, quando esses rios começaram a encher por conta do inverno amazônico, apesar da estiagem causada por fenômenos climáticos que atingem o Acre e o Amazonas. O município do lado acreano é reconhecido com o epicentro de todas as cheias que assolam as mesorregiões entre os estados acreano e amazonense. É de Santa Rosa do Purus que começam a subida das águas que deságuam nas regiões mais baixas do Purus e que chegam ao Amazonas com a maior intensidade (principalmente no período do inverno amazônico). De forma surpreendente, as cidades acreanas ao longo do rio Purus – e também na terra de Plácido de Castro –, anualmente, são atingidas pela força das águas, restando às autoridades “a agir apenas quando o estado de atenção e de emergência é declarado” pela busca intensa das prefeituras e os dois estados por recursos estaduais e/ou de âmbito federal. “Nenhum município da mesorregião, acreana e amazonense, do rio Purus, tanto das microrregiões do baixo Purus q2uasnto do Médio Purus, respectivamente, tem plano de contenção para conter impactos causados pelas cheias, admitiram geógrafos de universidades federais do Acre e do Amazonas. Segundo eles, historicamente, o poder público (município, estadual e federal), desde o século passado “não se dão luxo de estabelecer medidas preventivas aceitáveis de combate às enchentes”. Tampouco, ressaltam fontes, “têm na cartola planos e programas de enfrentamento a catástrofes, como, por exemplo, para combate a surtos epidêmicos, impactos ambientais e no rabo da fila, às enchentes que são previsíveis, anualmente”. De acordo com o Serviço Geológico Brasileiro (SGB) – sucedâneo da antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, CPRM, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia -, 18,40 m foi a maior cota do nível do rio Acre registrada em 4 de março de 2015, “data da maior enchei histórica quando mais de 100 mil pessoas foram atingidas no Estado e outros milhares perderam casas, bens (moveis e imóveis), e ribeirinhos de 17 municípios plantações e animais domésticos. Já no Amazonas, a cota recorde foi de 16, 04 m na cheia de 2009. À época, a Capital Manaus, segundo informações, “o Amazonas pode enfrentar, outra vez, nova enchente severa“. Além de sofrer com os impactos da estiagem que atinge a Amazônia (Oriental e Ocidental) por causa dos fenômenos climáticos a partir do avanço das queimadas e desmatamentos (principalmente, no sul do Estado devido ao crescimento do agronegócio bovino e madeireiro). De Santa Rosa do Purus à Boca do Acre é o município acreano mais atingido entre os 17 outros já atingidos pela atual enchente do alto rio Purus. Por sua conta e risco, as prefeituras amazonense das cidades de Boca do Acre, Pauini, Lábrea, Canutama, Tapauá e Beruri, na mesorregião mais baixa e média do rio Purus, “não souberam informar se estão preparadas para o enfrentamento de uma possível e severa enchente”.
Na prática, no lado amazonense, segundo moradores antigos, os primeiros sinais de “grande cheia” no rio Purus começam a partir de Boca do Acre e Pauini, que sofrem influência das enchentes do rio Acre com o nível subindo entre 4 a 5 centímetros por dia. Hoje, o nível do Purus em Canutama registrou subida do nível entre 4 a 5 cm, às 17h, nesta segunda-feira, 4.
Águas “podres” lançados do cemitério direto as ruas do comércio local. Dentre as cidades da Calha do Rio Purus, Canutama é, historicamente, a mais atingida ao lado de Anamã (Solimões), Beruri, Anori e Manacapuru. Em 2021, como nas cheias anteriores, a cidade foi tomada totalmente pelas águas a partir do bairro São Pedro, além do setor comercial e da orla fluvial (veja vídeo). À época, para chegar à cidade só de canoas e Jet-Sky.
Visão geral da AV. Professor Botinelly no centro de Canutama, totalmente, tomada pelas águas do Purus Já em Pauini, por sua posição geográfica privilegiada por ter sido construída em áreas de grande altitude, como do bairro Cidade Alta, segundo o morador Israel Amorim (mais conhecido como Barbudão), “as cheias do Purus não ameaçam a cidade”, com exceção de uma pequena área intermediária do porto conhecida por “Trapicho” (veja imagem), parte do volume de água da enchente só atinge a área portuária local.
Assim ficou a cidade de Canutama na última Grande enchente.Bairro São Pedro, área portuária de Canutama. No pico das cheias, a microrregião do Baixo Purus, área de maior concentração de comunidades formadas por ribeirinhos, extrativistas e povos originais “é a mais atingida pelas enchentes devido à existência de terras caídas compostas por baixões em forma de planícies envolvendo territórios do entorno do Purus”, ele acrescentou ao portal. Em Lábrea, segundo registros desta segunda-feira, 4, a subida do nível do rio Purus a partir da orla da cidade, “não tem passado dos 3 cm por dia”. O dono de uma oficina ao lado da Unidade Fluvial FUNAI, disse ao portal que, “as chuvas torrenciais tem contribuído para uma possível grande cheia”. Mas, isso ainda não significa que uma grande enchente, como pode acontecer, antes, com a vizinha Canutama, acreditam fontes. Nas últimas chuvas, a cidade de Lábrea tem dado sinais de um iminente colapso do sistema de drenagem de águas pluviais nas ruas e avenidas (principalmente na área central), com formação de “cachoeiras imensas e enxurradas ladeiras abaixo”, o que viria consolidando à falência do sistema da rede de esgotos”, cujo padrão não seria o recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT”, a denúncia é de acadêmicos da Universidade Aberta e Universidade Estadual (veja vídeo).