Greenpeace denuncia desmatamento de mais de 1,8 mil hectares no rio Manicoré Imagens captadas em sobrevoo mostram região incendiada.

 

Manaus – O Greenpeace Brasil registrou imagens de uma área de mais de 1800 hectares sendo destruída pelo fogo dentro da área demarcada pela Concessão de Direito Real de Uso (CDRU), dada pelo governo do Amazonas às comunidades tradicionais do rio Manicoré. As imagens foram captadas no dia 18.

O território abriga quatro mil moradores em 15 comunidades que, há mais de 10 anos, lutam pela criação de uma Unidade de Conservação (UC) na área, que vem sendo ameaçada por invasões de terra, exploração ilegal de madeira e caça predatória.

A área desmatada está localizada perto do igarapé do Tracajá, a 7km do rio Manicoré, próxima ao Alto Marmelos. O desmatamento no rio Manicoré já foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF), em junho deste ano, a partir de relatório que apontou quase três mil hectares de área explorada por madeireiras dentro da região da CDRU.

A denúncia também apontou exploração ilegal de madeira de loteamento ilegal de terras, o desmatamento não autorizado e a abertura de ramais nas imediações, além de episódios de ameaças à população local.

“Durante o sobrevoo, realizado no último dia 18, flagramos essa queimada de uma área que vinha sendo monitorada desde março e o desmatamento vem avançando mais de 100 hectares por semana. Esse é um grande problema, que vem corroendo as florestas antes intactas do Sul do Amazonas. Esse desmatamento dentro do CDRU do Território de Uso Comum do Rio Manicoré é muito triste e, tudo isso, ocorreu logo depois que autoridades do Estado visitaram a área e demonstraram seu apoio ao CDRU, afirmando que o Território é de fato das comunidades”, comentou Rômulo Batista, que atua na campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.

Para a articuladora da Rede Transdisciplinar da Amazônia (Reta), Dioneia Ferreira, o incêndio criminoso na área da CDRU foi previsto pelos parceiros da Central de Associações Agroextrativistas do Rio Manicoré (Caarim), que lutam pela conservação dos lugares e modos de vida da população local.

“Foram realizadas várias denúncias em diferentes canais de gestão e comando, e controle ambiental dando conta do desmatamento alarmante na área. Os grupos criminosos operam de um modo muito similar na nossa região, o Sul do Amazonas, desmatam o quanto possível e ateiam fogo no período de estiagem. Se as denúncias de invasões e desmatamento na área da CDRU não surtiram uma ação dos órgãos competentes, era sabido que o próximo passo seria a queima na área”, afirma.

 

 

Imagens do Greenpeace