APÓS DISCURSO DE BOLSONARO NA ONU – Ex-presidente Lula fez críticas à condução da política ambiental por parte do governo brasileiro

(Foto: Alexandre Schneider/Getty Images)
Lula
Para Lula, brasileiros estão envergonhados da atuação do país em relação ao meio ambiente
Logo após o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula do Clima, o ex-presidente Lula criticou a atuação no Brasil na preservação da Amazônia. Segundo o petista, a política ambiental do atual governo é de destruição e envergonha os brasileiros.
“O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia registrou em março novo recorde no desmatamento, de 216% a mais em relação a março de 2020. É o resultado de uma política de destruição que envergonha os brasileiros e ameaça o planeta; um legado trágico que haveremos de superar pela via da democracia”, escreveu Lula nas redes sociais.
Lula elogiou as iniciativas do PT para combater as mudanças climáticas e destacou a Conferência de Copenhague, em 2009. “Apresentamos metas voluntárias, ambiciosas e factíveis de redução da emissão de gases.”
No discurso, o próprio presidente Jair Bolsonaro ressaltou conquistas passadas do Brasil, algumas durante os governos petistas. “Temos orgulho de conservar 84% do nosso bioma amazônico e 12% da água doce da terra. Como resultado, somente nos últimos 15 anos, evitamos a emissão de mais de 7,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera. À luz de nossas responsabilidades comuns, porém, diferenciadas, continuamos a colaborar com os esforços mundiais contra a mudança do clima”, declarou Bolsonaro.
Elogios a Joe Biden
O petista elogiou a iniciativa do presidente norte-americano, Joe Biden, de reunir os líderes mundiais para discutir a questão do clima e comemorou o fim do “negacionismo científico” por parte dos Estados Unidos. Biden foi o segundo a falar na Cúpula do Clima, após a vice, Kamala Harris.
“A iniciativa do presidente Joe Biden de reunir a Cúpula de Líderes sobre o Clima é coerente com o primeiro ato de seu governo, que foi o retorno dos EUA ao Acordo de Paris, encerrando um período de negacionismo científico e de isolacionismo político que ameaçava a todos.”
Lula ainda pediu que o Brasil volte ao “convívio das nações como um parceiro atuante na questão ambiental e climática, porque esta é a nossa vocação e porque já mostramos do que somos capazes”. O ex-presidente ainda afirmou que “entre 2004 e 2015, por exemplo, reduzimos em 79% o ritmo de desmatamento da Amazônia”.
Associação com a covid-19
O ex-presidente Lula ressaltou ainda que a Cúpula do Clima acontece em um momento grave, durante a pandemia da covid-19. “Tanto o aquecimento global como o surgimento do vírus são respostas da natureza às agressões continuadas do ser humano”, declarou.
“A mesma urgência que orienta a cúpula climática é absolutamente necessária para uma tomada comum de responsabilidades frente à pandemia. Está claro que também sobre essa emergência não haverá saídas isoladas; que nenhum país estará a salvo se todos não estiverem protegidos.”

Lula voltou a criticar a condução de Bolsonaro em relação à pandemia e disse que o Brasil jamais atuou de maneira responsável frente à covid-19. “Nosso povo sofre a maior tragédia de sua história, e o país é visto como ameaça global. Isso não nos impede, ao contrário, de renovar o chamado aos líderes mundiais para uma ação comum para tornar os meios de enfrentar a pandemia acessíveis a todos, ricos e pobres.”
“Vacinas, testes e medicamentos contra a Covid-19 devem ser considerados bens da humanidade. Os trilhões que salvaram o sistema financeiro na crise iniciada em 2008 devem agora salvar vidas humanas. E o FMI não pode exigir mais sacrifícios de países que enfrentam a crise.”