A morte da empresária Djidja Cardoso, que atuou de 2016 a 2020 como a personagem sinhazinha do Boi Garantido no Festival Folclórico de Parintins, chamou a atenção para o uso irregular da cetamina. A droga, também chamada de ketamina e special key, é conhecida por ser consumida em festas, principalmente por millennials (na faixa de 25 a 40 anos). A Polícia Civil do Amazonas suspeita que a morte de Djidja esteja ligada exatamente ao uso abusivo da substância.
O uso terapêutico da droga, que é regulamentado, ajuda no combate à depressão crônica. O problema, dizem os especialistas, é o uso recreativo da cetamina, feito sem supervisão e que pode gerar riscos para a saúde do usuário.
Levantamento realizado pela Polícia Federal aponta que a apreensão da substância cresceu no pós-pandemia. Em 2021, por exemplo, foram realizadas 4 apreensões, com um total de 351,47 g de cetamina. Em 2023 foram 22 apreensões, com mais de 4 kg da substância.
A maior parte desses casos aconteceu em São Paulo –das 37 apreensões da droga de 2021 a 2024 (até março apenas), 23 foram na capital paulista.
“Na pandemia aumentaram muitos casos de depressão e de ansiedade e quando aumenta casos de depressão e ansiedade, aumenta o uso de substâncias, tanto o álcool quanto ilícitas, como ketamina”, afirma Silveira.
Apesar disso, o delegado Carlos Castiglioni, do Denarc Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes de São Paulo) considera que o uso da substância não virou uma “praga”.
Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma que o Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos) acompanha com atenção o uso de cetamina e ressalta os riscos do uso não terapêutico da substância.
A pasta avalia a elaboração de um boletim específico sobre o uso não terapêutico de cetamina.
A droga usada para fins recreativos costuma ser ligeiramente diferente daquela usada nos tratamentos contra depressão, apontam os especialistas. Isso porque a substância consumida em festas em geral é a versão da cetamina utilizada como sedativo de cavalo –ou seja, não é o mesmo medicamento usado nas clínicas para tratamento de humanos.
Porém, é preciso cuidado no caso do uso recreativo e irregular. “É uma cetamina um pouco modificada, porque é a veterinária. Embora a molécula seja muito parecida, tem características um pouco diferentes nos efeitos”, afirma Silveira, da Unifesp.