O MISTÉRIO CONTINUA – Mais de 1 mil armas foram furtadas da Polícia Civil

Policiais civis acusados de vender as armas para facções criminosas estão presos desde agosto do ano passado Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
O número de armas de fogo que foram furtadas da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), na área central do Recife, foi três vezes maior do que aquele que havia sido divulgado pela Polícia Civil de Pernambuco. Documento interno da corporação, assinado pelo delegado Adelson Barbosa, apontou que 1.131 armas – entre metralhadoras, pistolas e revólveres – desapareceram da delegacia.
O sumiço das armas foi descoberto por um comissário, responsável pela manutenção e conserto delas, em janeiro de 2021, logo após ele voltar de férias. Na ocasião, um inquérito policial foi instaurado e uma auditoria foi realizada pra identificar o número exato do desvio. Em agosto do mesmo ano, após uma operação que prendeu cinco policiais civis suspeitos de envolvimento no esquema criminoso, a chefia da Polícia Civil fez uma coletiva de imprensa e anunciou o número de 326 armas subtraídas.
Mas não foi bem assim, como mostra o documento assinado pelo delegado Adelson Barbosa em fevereiro de 2021, ou seja, seis meses antes. Na época, Barbosa estava lotado na Core
Em abril de 2022, durante audiência de instrução e julgamento do caso, o delegado prestou depoimento por videoconferência e, questionado pelo Ministério Público, confirmou que mais de 1 mil armas foram furtadas da Core.
No depoimento, o delegado disse ainda que foi repassada à Polícia Federal a lista das armas subtraídas para que os dados fossem incluídos no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), do Ministério da Justiça.
A Polícia Federal confirmou a imprensa o recebimento do ofício mencionado pelo delegado, com data de 24 de fevereiro de 2021.
“Confirmamos o envio da relação das armas pelo Core no dia 24.02.2021. E até agora não houve o registro de recuperação de nenhuma arma citada na relação enviada. Esse monitoramento é feito com informação enviadas pelas Secretarias de Defesa Social dos Estados”, informou a PF.
Desde que o sumiço foi descoberto, o número de armas de fogo furtadas é uma incógnita. Até mesmo para autoridades que acompanham o processo (como promotores de Justiça) e advogados de defesa dos 19 acusados de envolvimento no esquema criminoso (Eram 20, mas um policial veio a falecer dias após ser preso.