Pai de aluna ferida em escola particular de Manaus diz que alertou o colégio há seis meses

Em entrevista a Revista Cenarium advogado  Adroaldo Arruda da Silva , pai de uma criança ferida no ataque do adolescente na Escola Adventista , diz que avisou a escola há seis meses

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Ele foi matar minha filha, a coleguinha e a professora. Ele mesmo disse aos policiais, hoje, quando foi contido“. O relato é do advogado Adroaldo Arruda da Silva, pai de uma das vítimas feridas por um colega de classe que cometeu um atentado na tarde desta segunda-feira, 10, no Colégio Adventista de Manaus, escola particular localizada na Zona Sul da capital.

O pai afirma que há, pelo menos, seis meses a escola já tinha ciência dos problemas comportamentais que o aluno vinha demonstrando em sala de aula.

Segundo Adroaldo, a filha, de apenas 12 anos, mesma idade do agressor, foi ferida a golpes de cutelo (instrumento cortante com lâmina curva) nos braços e poderia ter morrido se não fosse a intervenção da professora, que também foi atingida.

“Eles estudam na mesma sala, sentam perto, inclusive. Em resumo, desde o ano passado que, toda semana, tínhamos relatos de problemas sérios criados por esse garoto. Das duas últimas vezes, ele deu um murro no colega de sala, sem motivo nenhum, foi levado para a coordenação e voltou rindo dizendo que não dava em nada. Passaram os dias, ele quebrou a sala toda e, nessa ocasião, minha filha o segurou para que ele não batesse em outra colega de sala de aula, e imagino que, desde aí, ele guarda essa raiva“, relembra o pai.

 

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Advogado Adroaldo Arruda da Silva, pai de uma das vítimas feridas (Jander Souza/Revista Cenarium)

O pai conta que foi, pelo menos, quatro vezes ao colégio para exigir medidas em relação ao aluno. Na ocasião, a escola alegou que providências já tinham sido tomadas. “A escola informou, então, que a família estava acompanhando o menino junto ao psicólogoMas o tempo mostrou que a escola não tomou nenhuma providência“, disse o advogado.

Conforme Adroaldo, o aluno alega ter sofrido bullying na escola, o que teria resultado no atentado desta segunda. Para o advogado, a ação violenta não justifica. Questionado se teve algum contato com os pais do autor do atentado, o advogado responde: “Soube que a mãe dele deu uma entrevista dizendo que ele fez isso por conta de situações de bullying. Quer dizer, então, que se eu sofri algum tipo de bullying, eu tenho carta-branca para matar? E depois que ele vitimar alguém, como fica os pais dessas crianças?“, indaga Adroaldo Arruda.

Medo e revolta

De acordo com o pai da aluna, para cometer o ataque, o menino estaria com três coquetéis molotov (arma química incendiária, geralmente, utilizada em protestos e guerrilhas urbanas), um cutelo, uma faca e isqueiro escondidos na mochila. Adroaldo fala sobre o medo de perder a filha. “Se ele tivesse com a faca e o cutelo na mão, ao mesmo tempo, não tenho dúvidas que ele teria matado minha filha. Estamos diante de um absurdo. Ele atingiu minha filha. Ele foi para matar, sim, ele mesmo disse aos policiais“, conta o pai da vítima.

Revoltado com o episódio de violência, o advogado destaca que vai tomar providências para que as ações focadas no reforço da segurança dos alunos e professores, dentro das escolas, sejam colocadas em prática.

Alguns dos itens que o aluno colocou na mochila (Reprodução/Divulgação)

“Como pai, vou procurar o governador do Estado, pois esse fato não é algo isolado, começou nas escolas públicas e, agora, nas escolas particulares. Vou buscar a Secretaria de Segurança, os responsáveis pelo sindicato da educação particular, no Amazonas, vou exigir providências da própria instituição Adventista e exigir que ela coloque detectores de metal nas suas unidades. E como vou fazer isso? Buscando o Judiciário para compelir a escola a dar garantia de vida para nossos filhos, pois, ninguém deixa um filho na escola para receber facadas”, ressalta o advogado que complementa:

“Não queremos mídia, não precisamos disso, o que queremos é que algo seja feito. Ninguém me falou, eu estive lá e pedi providência para a expulsão e tratamento desse aluno. Por que minha filha teve que ser ‘esfaqueada’ para, agora, a escola dizer que vai tomar as medidas necessárias? (..)”.