Indígenas e entidades protestam contra PL do marco temporal no Amazonas

Por g1 AM


Indígenas e entidades protestam contra PL do marco temporal no Amazonas. — Foto: Karla Mendes/Rede Amazônica

Indígenas, estudantes e representantes de entidades e ONGs realizaram protestos nesta terça-feira (30) no Amazonas e se juntaram à mobilização nacional realizada contra o PL 490, conhecido como Marco Temporal. Atos foram registrados em Manaus e Autazes.

Na capital, manifestantes se concentraram no Largo de São Sebastião, no Centro, e se posicionaram contra o projeto.

Indígenas e entidades protestam contra PL do marco temporal, no Largo de São Sebastião, em Manaus. — Foto: Karla Mendes/Rede Amazônica

Indígenas e entidades protestam contra PL do marco temporal, no Largo de São Sebastião, em Manaus. — Foto: Karla Mendes/Rede Amazônica

No interior, um grupo de indígenas da etnia Mura, realizou um ato perto da comunidade São Félix, na rodovia AM 254, próximo ao município de Autazes.

Indígenas fecham rodovia no interior do AM

O projeto

 

A proposta cria um “marco temporal” para as terras consideradas “tradicionalmente ocupadas por indígenas”, exigindo a presença física dos índios em 5 de outubro de 1988.

Segundo o texto, a interrupção da posse indígena ocorrida antes deste marco, independentemente da causa, inviabiliza o reconhecimento da área como tradicionalmente ocupada.

A exceção é para caso de conflito de posse no período. O texto ainda proíbe a ampliação de terras indígenas já demarcadas, e também:

  • flexibiliza o uso exclusivo de terras pelas comunidades e permite à União retomar áreas reservadas em caso de alterações de traços culturais da comunidade;
  • permite contrato de cooperação entre índios e não índios para atividades econômicas;
  • possibilita contato com povos isolados “para intermediar ação estatal de utilidade pública”.

 

O texto ainda abre caminho para a mineração em terras indígenas. Segundo o parecer do relator, o usufruto dos índios não abrange, por exemplo, o aproveitamento de recursos hídricos e potenciais energéticos, a garimpagem, a lavra de riquezas minerais e “áreas cuja ocupação atenda a relevante interesse público da União”.

Tema está no STF

 

A discussão sobre o texto voltou ao Congresso depois que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, pautou uma ação que trata do tema para o dia 7 de junho.

Para se antecipar a uma decisão do STF, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu à bancada ruralista colocar em plenário a votação do projeto, para que os parlamentares se pronunciem sobre o assunto.

O julgamento no Supremo começou em 2021. Até o momento, dois ministros votaram: o relator do caso, Luiz Edson Fachin, se manifestou contra a aplicação do marco temporal. O ministro Nunes Marques votou a favor.

A análise do tema, contudo, foi interrompida em 15 de setembro de 2021 em razão do pedido de vista – mais tempo para analisar o caso — apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes.

*Com colaboração de Francisco Carioca, da Rede Amazônica.