‘A dor é inexplicável’: manauara que vive em Israel relata terror da guerra

 

A data do ataque, durante o Shabbat, um dia sagrado de descanso em Israel, acrescentou uma camada de tristeza à tragédia

Gabriela Brasil e Vivian Oliveira – Rios de Notícias

MANAUS (AM) – “A dor que eu sinto pelas pessoas que foram feridas, assassinadas, desaparecidas e sequestradas pelo Hamas é inexplicável”, relata a manauara Liliana Gercwolf, de 28 anos, sobre os ataques do grupo terrorista contra Israel, local onde mora há três anos. As atrocidades da guerra, diz Liliana, foram feitas “com bebês, crianças, jovens, mulheres e idosos”.

Dentro de um abrigo anti-bomba, na cidade de Ramat Hasharon, no centro do país, Liliana revela momentos de aflição que vivenciou tamanho desespero e medo com o ressoar das sirenes de alerta. A tensão posterior ao som, no entanto, ainda permanece sobre a região, que segue para um período prolongado de guerra.

Por volta das 6h, Liliana acordou desnorteada no último sábado, 7/10, com o barulho estridente dos alarmes e foi direto para o abrigo anti-bomba, que por sorte, sua casa possuía.

“Fiquei no abrigo por 10 minutos e vi que o meu celular estava cheio de notificações de mísseis sendo enviados para as cidades que os meus amigos e parentes moram, no Sul e Centro de Israel. Sem saber o que estava acontecendo. Começamos a verificar se estavam todos bem, em casa e seguros,” relatou Liliana Gercwolf

No mesmo dia, parentes de Liliana embarcavam em um avião, por volta das 8h, de Istambul com destino a Israel. Assustada, ela precisou contar as primeiras informações que sabia sobre os ataques para os familiares.

Liliana Gercwolf vive há três anos em Israel (Arquivo pessoal)

Apesar do avião ter decolado até Israel, a aeronave precisou voltar, pois o país israelense já estava fechado.

“Foi tudo muito rápido, a cada momento fomos nos inteirando dos acontecimentos, que terroristas do Hamas haviam conseguido se infiltrar em Israel, por terra, céu e mar. Que eles estavam no Sul, atirando em qualquer cidadão que passasse pela frente. Que tinham tomado conta de vilas e cidades, também no Sul do país, fazendo cidadãos como reféns dentro das suas próprias casas e que haviam matado e sequestrado pessoas que estavam em uma edição da rave brasileira, Universo Paralello que estava acontecendo próxima à fronteira com a Faixa de Gaza”

“Estamos de luto”

Ariela Salgado, estudante de medicina de 29 anos, é membro da comunidade judaica de Manaus e engajada em atividades comunitárias, destacou que embora Israel tenha enfrentado ameaças ao longo dos anos, o ataque surpresa deixou todos em choque e abalados.

“Israel é o lar nacional de todo o povo judeu, seja morando lá, seja morando em qualquer lugar do mundo. Existe uma identidade judaica muito grande em todo o nosso povo. Se fere Israel é como se estivessem nos ferindo. Então, é muito triste. Estamos de luto”, desabafou Ariela