Zinho, apontado como o criminoso mais procurado do estado do Rio de Janeiro, se entrega à polícia
O miliciano mais procurado do Rio de Janeiro se entregou à polícia na véspera do Natal. O grupo de Luiz Antonio da Silva Braga é acusado de vários crimes e de impor terror numa região onde vivem mais de 4 milhões de pessoas.
Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho, foi levado para o presídio de Benfica, no Rio. Depois, transferido para o presídio de segurança máxima Bangu 1. O estado montou uma operação especial nessa transferência, com 50 homens do Grupamento Intervenção Tática, do serviço de operações especiais da Secretaria de Administração Penitenciária.
Atualmente, a milícia que Zinho comanda atua em pelo menos 13 bairros da cidade do Rio, onde vivem mais de 4 milhões de pessoas.

Ataque a ônibus na Zona Oeste do Rio em 2023 — Foto: Reprodução/TV Globo
O grupo é acusado de tráfico de armas e de drogas e de controlar o transporte alternativo, serviços de internet, fornecimento de gás, além de cobrar taxas de comerciantes.
Luiz Antonio da Silva Braga tinha 12 mandados de prisão. É acusado por diversos crimes, como homicídios, lavagem de dinheiro, extorsões e tráfico de armas.
A advogada dele entrou em contato com o secretário de Segurança Pública do Rio, na semana passada, afirmando que o miliciano queria se entregar à Polícia Federal.
O secretário, então, entrou em contato com o superintendente da Polícia Federal no Rio, Leandro Almada, que coordenou a prisão.
A redição aconteceu depois de duas operações da Polícia Federal que prenderam os principais aliados de Zinho.
No dia 18 de dezembro, a deputada Lucinha de Barros, do PSD, suspeita de ser o braço político da milícia, foi afastada do cargo por ordem do Tribunal de Justiça do estado. Endereços dela foram alvos de mandados de busca e apreensão.
Os investigadores dizem que Lucinha é chamada pelos milicianos de Madrinha. E identificaram 15 encontros da deputada com integrantes da milícia, inclusive com a participação de Zinho.
Segundo a Polícia, um dos elos entre Lucinha e Zinho era o contador da milícia, Domicio Barbosa de Souza, o Dom, que foi morto a mando da própria quadrilha. O corpo dele nunca foi encontrado.
Os investigadores afirmam que há fortes indícios de que Lucinha interferiu para soltar milicianos presos em flagrante, tentou mudar o comandante de um batalhão da PM na área de atuação da milícia e intermediou operações policiais contra grupos rivais de Zinho.
No dia 19 de dezembro, em outra operação da PF, cinco comparsas de Zinho foram presos. O grupo é acusado de extorsões para permitir obras de empreiteiras nos bairros sob o comando da organização criminosa.
Zinho assumiu o comando da milícia após a morte de dois irmãos dele em confrontos com a polícia. Carlinhos Três Pontes, em 2017, e Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021.
Em outubro, outro integrante da quadrilha morreu numa operação da Polícia Civil. O sobrinho de Zinho, Matheus Rezende, que cuidava da parte armada do grupo.
Em resposta à morte do sobrinho, Zinho ordenou atentados que pararam a zona oeste do Rio. Trinta e cinco ônibus e um trem foram incendiados num ataque que desafiou as forças de segurança do estado.
Nesta segunda-feira (25), em entrevista à GloboNews, o secretário-executivo de Segurança Pública Ricardo Capelli, afirmou que Zinho se entregou porque achava que corria risco de vida.
“Ele tem muito a dizer, porque, sem conexões poderosas, dificilmente ele se estabeleceria como se estabeleceu. E a prisão dele é parte de um processo. Não se encerra investigações. Não se encerra nada com a prisão dele”, disse Capelli.

 
				
 
											
 
											
