Maior devastador da Amazônia usava laranjas e gerou danos de R$ 116 mi

 

 

Investigação mostra que advogada pagou para delegado da Polícia Civil para livrar grupo após fiscalização identificar desmatamento ilegal

Divulgação/Semas/Pará
Desmatamento Amazônia Pará

A investigação da Polícia Federal contra um grupo suspeito de ser responsável direto por uma das maiores áreas desmatadas no país, se não a maior, aponta que uma advogada que defendeu um dos integrantes da organização criminosa teria pago propina a um delegado e a um investigador da Polícia Civil do Pará para livrar o grupo em uma fiscalização.

No último dia 6, a PF deflagrou a segunda fase de operação para desarticular o grupo que, ao menos nos últimos 10 anos, invadiu e desmatou terras da União, sendo responsável por danos ambientais que chegam a R$ 116,5 milhões. A PF aponta que o chefe do grupo, Bruno Heller, usava parentes como “laranjas”, fazendo registros das terras nos nomes dessas pessoas.

Detalhes da investigação, obtidos pelo Metrópoles, mostram que a advogada Rafaele Dalmagro pagou ao delegado da Polícia Civil Jardel Magalhães, que é ex-vereador de Santarém, e a um agente da polícia para amenizar o relatório de uma fiscalização que flagrou sete pessoas derrubando árvores com uso de motosserras em uma área pública da União ocupada pelo grupo.

Rafaele diz a Tatiana, que iria comparecer à delegacia no dia seguinte, que os policiais provavelmente iriam pedir alguma coisa em troca, e que iria na delegacia antes da cliente para negociar alguma “vantagem” para Tatiana. A advogada, então, diz que como houve flagrante, a estratégia seria diminuir eventuais efeitos da fiscalização. “A gente tem que agora tentar diminuir ao máximo”, disse.

As conversas, então, mostram uma negociação entre Rafaele, o delegado, que na época o delegado era diretor da Delegacia de Meio Ambiente e Proteção a Animais e Conflitos Agrários de Santarém, e um outro policial civil. Com o delegado, ela apenas combina um encontro. Já o policial chega a dizer que faria um relatório “bem de boa”.

A PF aponta que o total pago aos servidores foi R$ 8 mil, pagos diretamente por Rafaele e parte declarado como honorários advocatícios. Após os trâmites, a advogada diz a Tatiana que ela “pode continuar o serviço sem problema”, se referindo ao desmatamento.

O caso ocorreu em maio de 2021, e a polícia o descobriu após acessar trocas de mensagens entre a advogada e Tatiana Heller, filha do homem apontado como chefe do grupo, após busca e apreensão na primeira fase da operação, em agosto deste ano.

Conforme diálogos, Tatiana procurou Rafaele para se orientar sobre como proceder. A advogada disse que conhecia “esse pessoal” e que eles iriam “exigir dinheiro” (leia diálogos abaixo). “Infere-se que a advogada já teria realizado outras tratativas para o pagamento de propina aos policiais em questão”, diz a PF em relatório.

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