EXTRATIVISTA DE CASTANHA ACREANO É ENCONTRADO ENFORCADO EM CASTANHAL DE BOCA DO ACRE NO INTERIOR DO AMAZONAS
BOCA DO ACRE (AM) – O castanheiro acreano, José Jordão da Silva, 49, foi encontrado enforcado numa zona de mata de um seringal e castanhal do município amazonense de Boca do Acre, a cerca de 222 quilômetros da Capital Rio Branco, no estado do Acre.
Segundo o que foi relatado à Polícia, a vítima viajou ao município vizinho para trabalhar na coleta da castanha em uma propriedade localizada no quilômetro 147, da BR-117, que liga a Capital acreana a Boca do Acre, no Amazonas, ao menos uma semana antes de ser encontrado morto numa estrada de um castanhal.
Na condição de tarefeiro extrativista, José Jordão, no dia 26 do mês passado, saiu para a zona de trabalho na posse de um Jamaxi (cesto fabricado com Timbó e com asas suspensas), terçado (facão) e apetrechos, de manhã cedo. E não retornou ao final da coleta do dia.
Outros extrativistas notaram a ausência dele, demonstraram preocupação com o desparecimento do parceiro e deram início a uma operação de busca pela floresta e região da estrada onde coletava ouriços de castanha para a tradicional quebra do produto.
Geralmente, de acordo com a tradição do lugar, a coleta é feita no período da manhã e retorno de cada castanheiro se dar até ao meio dia para o barracão onde se concentra a produção do dia. Isso fez com que outros extrativistas dessem início as buscas. Já no outro dia, o corpo foi encontrado em um local de floresta com a carga presa à altura do pescoço, uma área distante do barracão – ponto de encontro da propriedade.
José Jordão, foi encontrado morto de joelhos no dia seguinte, com as alças do Jamaxi feito com tiras de cipó envoltas ao próprio pescoço. Com o peso do saco, entre 80 a 100 quilos de castanha, “não conseguiu se levantar, tombou para trás e se auto enforcou, em uma pura fatalidade”, disse um policial da cidade.
O caso de José Jordão, o extrativista acreano, se soma a outros que não aparecem nas estatísticas oficiais, supostamente, mortos por outros motivos dentro das regiões de mata na tríplice divisa dos estados de Rondônia, Amazonas e Acre.
A maioria dos extrativistas amazônicos, devido ao desemprego em suas cidades de origem, são forçados a irem em busca de emprego em regiões distantes. Por não saber fazer outra coisa, “muitos se arriscam na extração do látex, coleta de castanha e sementes, ou se viram em outra atividade. Outros viram peões de fazenda ou serradores de madeira”, diz a assistente social Francisca Souza da Silva, 60.
*Por Chico Nery do interior do Amazonas


